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Como os exercícios físicos fortalecem a ação das vacinas



Estima-se que metade dos idosos vacinados não desenvolva imunidade ao influenza circulante com a dose aplicada. Metade! Daí a necessidade de pensar em estratégias que sensibilizem o organismo a reagir ao imunizante.

Já há um consenso, porém, de que o suor da camisa também se reverte em benefícios para outras faixas etárias. “Em jovens adultos, sabemos que o exercício pouco antes da vacinação pode tanto melhorar sua eficácia quanto reduzir efeitos adversos, como dor e perda de apetite”, afirma a imunologista Kate Edwards, da Universidade de Sydney, na Austrália.



Em uma das pesquisas que coordenou, a cientista notou que fazer uma sessão de 15 minutos de atividades e ser imunizado na sequência é capaz de turbinar a resposta à vacina pneumocócica, que nos protege contra bactérias por trás de pneumonia e meningite.


Já existem indícios inclusive de que a prática teria potencial para mitigar fatores que atrapalhariam a resposta à imunização. Um experimento com roedores da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, mostrou que a movimentação ajuda o corpo a administrar o estresse fisiológico da própria vacinação.

Ora, a vacina não deixa de ser encarada pelo organismo como um fator estressor, mas se trata de algo controlado e posteriormente proveitoso. Ao preparar o terreno e atenuar essa tensão natural, acredita-se que o imunizante produza um resultado superior.

“A atividade física exige uma adaptação sistêmica, e isso também mobiliza nossas defesas”, explica o cardiologista Henrique Fonseca, pesquisador do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP).

O papel dos exercícios na imunidade, é bom que se diga, não se resume a otimizar o efeito da vacinação. “Durante a prática, ocorre a liberação de hormônios como a adrenalina, que recrutam células imunes, as colocam em circulação e melhoram seu funcionamento”, conta o fisiologista José Cesar Rosa Neto, professor do ICB-USP.

“Não quer dizer que quem se exercita não pega infecções, mas sim que o organismo está mais bem preparado para lidar com elas”, completa o estudioso da USP.



Quanto mais exercício, melhor?

Nem pense em se matar na academia com a proposta de nunca mais ficar gripado. Com o exagero, o tiro sai pela culatra. “O corpo passará a trabalhar para inibir o recrutamento das células de defesa, e isso cria um quadro muito desfavorável para o combate a infecções”, avisa Fonseca.


Pesquisas com atletas de elite demonstram que se exigir demais diminui a resistência a vírus e bactérias. Tem maratonista que até cai de cama após a prova!

“A sobrecarga imposta por treinos de alta performance provoca, ainda, uma deficiência de imunoglobina A, que resguarda as vias respiratórias”, observa o médico Fábio Jennings, coordenador da Comissão de Medicina Física e Reabilitação da Sociedade Brasileira de Reumatologia.

E como determinar, então, a frequência e a intensidade adequadas para o sistema imune? Embora o ideal seja traçar isso com um profissional depois de uma avaliação individualizada, no geral os experts recomendam cinco sessões semanais de exercícios moderados com até uma hora de duração — ou três dias de malhação mais puxada.

E é bom lembrar que falamos aqui de uma atividade programada, um treino com começo, meio e fim. Ir a pé até o trabalho ajuda, mas não entra nessa conta.

Para potencializar o efeito das vacinas, atividades aeróbicas (caminhada, natação, ciclismo…) em um período próximo à picada parecem ser particularmente interessantes. Naquele estudo de Singapura, por exemplo, as voluntárias caminhavam após tomar sua dose.

Mas o decisivo aqui é a constância. Não adianta malhar só perto da campanha de vacinação da gripe ou de qualquer outra infecção. Tem que buscar a regularidade — o ano todo! Do contrário, feito um atleta sem treino, as defesas podem deixar a desejar em desempenho.


Estou doente! Devo malhar?

Vai depender. Exercícios leves ou moderados diante dos primeiros sintomas de uma gripe ou resfriado podem até ajudar no combate à infecção. Agora, se o mal-estar já estiver instalado (sobretudo na presença de febre), significa que o corpo clama por repouso. E é melhor respeitá-lo



Efeito anti-inflamatório

Além de melhorar o contra-ataque a agentes infecciosos, o exercício físico auxilia a atenuar inflamações crônicas, um fenômeno presente em males tão diversos quanto doenças cardiovasculares e problemas reumáticos.

Correr ou puxar ferro até instiga uma reação inflamatória, que entra em cena para recuperar a musculatura, mas também estimula a liberação de moléculas que apagam o incêndio depois. Dessa forma, o corpo fica menos exposto a condições adversas atreladas a processos inflamatórios — uma lista que vai de câncer a depressão.




 
 
 

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